Pesquisa realizada pelo Ibope entre agosto e setembro deste ano apontou uma sensível queda na avaliação da qualidade do transporte público em São Paulo, em relação a 2016.
A pesquisa foi encomendada e divulgada no último dia 4/10 pela Rede Nossa São Paulo e pela Cidade dos Sonhos, duas organizações muito críticas da atual administração do prefeito João Doria.
Segundo os organizadores, todos os principais itens, avaliados com notas de 1 a 10, tiveram os piores resultados em uma década, ou seja, desde o início da série histórica.
A Pesquisa de Mobilidade Urbana 2017 (íntegra aqui) entrevistou 1.603 paulistanos com pelo menos 16 anos, entre os dias 27 de agosto e 11 de setembro.
NOTAS
Os entrevistados deram nota 3,8 ao quesito “transporte público de uma maneira geral”, muito abaixo dos 5,1 de 2016, ainda sob a gestão do prefeito Fernando Haddad.
Este item, no entanto, inclui tanto os ônibus (administrados pela Prefeitura) quanto o metrô e os trens (pelo Estado).
Já o quesito “controle da qualidade do ar” ficou com apenas 2,8 (3,5 em 2016).
A pesquisa diz também que 52% dos entrevistados “deixaram de visitar amigos e familiares” e “ir a parques, cinemas e outras atividades de lazer” por causa do preço das passagens.
A tarifa de ônibus e metrô está congelada em R$ 3,80 desde 9 de janeiro de 2016.
Ao mesmo tempo, 52% disseram que a lotação dos ônibus aumentou no período (36% disseram que ficou igual, 8%, que diminuiu, e 4% não responderam).
Outros 61% discordaram do plano da Prefeitura de transferir a gestão do Bilhete Único para empresas privadas (31% aprovaram e 9% não responderam).
Já o aumento da velocidade nas marginais – uma das primeiras medidas adotadas pelo atual prefeito – foi aprovado por 56% (38% foram contra e 5% não responderam).
MUDANÇAS
Os números foram divulgados no momento em que a Câmara Municipal e a Prefeitura debatem importantes mudanças no sistema de transporte público.
Na Câmara, os vereadores devem votar até o fim de outubro uma reforma da Lei de Mudança do Clima de São Paulo (Lei 14.933/2009).
O ponto central é se o novo texto vai afrouxar ou apertar os controles sobre a poluição do ar causada por ônibus, carros e caminhões.
Ao mesmo tempo, a Secretaria de Transportes da Prefeitura (SMT) prepara-se para lançar, até o final do ano, um edital para renovar os contratos com as empresas que operam os 15 mil ônibus que circulam na cidade.
Esses contratos venceram no final de 2013 e têm sido prorrogados em caráter precário desde aquela época.
Também no edital, os itens mais sensíveis devem ser os limites de emissão de poluentes e as regras de conversão da frota a diesel para combustíveis renováveis (motores elétricos, híbridos, a gás ou biodiesel).
Para Jorge Abrahão, coordenador da Rede Nossa São Paulo, a pesquisa permitiria concluir que a população avalia negativamente os efeitos da mudança de gestão no transporte.
“O que gente percebe na pesquisa é que há uma descontinuidade do que vinha ocorrendo nos últimos anos” – sustentou Abrahão.
AUDIÊNCIA
Os resultados da pesquisa serão objeto de audiência pública na Câmara Municipal, no dia 11 de outubro, às 12h, no 8º andar (Viaduto Jacareí, 100, Bela Vista).
A audiência foi convocada pela Comissão de Trânsito, Transporte, Atividade Econômica, Turismo, Lazer e Gastronomia, presidida pelo vereador Senival Moura (PT).
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