A Noruega está levando muito a sério o objetivo de tornar-se, até 2050, a primeira nação do planeta inteiramente livre de combustíveis fósseis.
A última meta das autoridades do país é adotar aviões elétricos em todos os voos domésticos e à Escandinávia até 2040.
Foi o que anunciou na semana passada o presidente da Avinor, a empresa estatal que opera 45 aeroportos noruegueses.
Segundo Dak Falk-Petersen, os voos de até uma hora e meia de duração, partindo de território norueguês, poderão ser 100% elétricos em 20 anos
A Avinor -a Infraero norueguesa – já fixou um calendário para atingir a meta. Em 2025, espera fazer o primeiro teste de um avião elétrico em torno de 19 passageiros.
Em 2030, prevê inaugurar a primeira linha comercial elétrica, ligando as cidades da Noruega e as principais capitais dos países vizinhos.
QUAL AVIÃO?
O problema é saber qual avião elétrico de passageiros estará pronto para os primeiros testes em 2025 – se é que haverá algum modelo viável.
Empresas como a Airbus (anglo-francesa), Siemens (alemã), Boeing (americana) e Rolls Royce (britânica) têm projetos ainda incipientes para aviões elétricos comerciais.
Em julho de 2015, a Airbus saiu na frente com o E-Fan, que tornou-se o primeiro avião elétrico a atravessar o Canal da Mancha (foto).
Foi um voo pioneiro. O piloto francês Didier Estyene decolou de Lydd, Inglaterra, percorreu 74 km de mar e pousou tranquilamente em Calais, na França.
Mas o Airbus E-Fan é um aparelho minúsculo, de apenas dois lugares, movido a duas pequenas turbinas elétricas de pouca autonomia.
Nos Estados Unidos , a startup Wright Electric uniu-se à empresa britânica de aviação easyJet para também desenvolver um avião elétrico de passageiros para curtas distâncias.
A própria Wright Electric reconhece as dificuldades. A mais importante é o tamanho e a potência das baterias.
Pela tecnologia atual, mesmo um pequeno avião de passageiros (inferior a 100 lugares) exigiria uma bateria em torno de 25 toneladas, e a carga daria conta apenas da decolagem – e mais nada.
A solução mais viável provavelmente não será 100% elétrica, e sim híbrida. Os motores elétricos seriam usados só nos pousos e decolagens, e os híbridos, durante a velocidade de cruzeiro.
É esse o foco atual da Airbus, em parceria com a Rolls Royce e a Siemens. O plano é fazer os primeiros testes em 2020.
Outra startup, a americana Zunun Aero, apoiada pela Boeing, também optou pelo avião híbrido. Seu primeiro protótipo deverá estar voando em 2022.
CONFIANÇA
Ainda assim, a Avinor confia no progresso dos próximos anos. A empresa quer ter um aparelho comercial elétrico voando até 2025, para viagens de até 300 milhas (483 km).
“A tecnologia já existe, e não é uma utopia que a primeira aeronave elétrica de passageiros possa voar a partir de 2025” – disse o presidente Dag Falk-Petersen.
Se conseguir, a Noruega avançará ainda mais na liderança mundial da mobilidade elétrica.
No final de 2017, o pequeno país de 5,2 milhões de habitantes tornou-se o primeiro do mundo a vender mais automóveis elétricos do que convencionais à base de combustível fóssil, no mercado doméstico.
E embora seja o maior produtor europeu de petróleo e gás, tem 98% de sua matriz energética proveniente de hidrelétricas, graças à abundância de rios e cachoeiras na geografia do país.
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