A 16ª Conferência sobre Mudanças Climáticas realizada nesta segunda-feira (4/21), na Câmara Municipal de São Paulo, apresentou uma série de propostas para fomentar a criação de áreas verdes na cidade.
Promovida há 16 anos pelo vereador Gilberto Natalini (PV), a conferência começou com um culto ecumênico (foto) e lotou o principal auditório da Câmara (350 lugares).
O evento teve de ser transmitido por telão para outro auditório, ocupado por mais 150 pessoas.
Ao final, Natalini assinou um projeto de lei de sua autoria que oferece vantagens financeiras, como redução de impostos, aos proprietários de imóveis que criarem reservas particulares em São Paulo.
As Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs) são áreas verdes mantidas por pessoas ou empresas particulares, que podem ser contrapartidas a empreendimentos econômicos.
PROPOSTAS
Outra proposta foi a criação de “linhas verdes” (parques lineares) nos 90 km de linhas de transmissão da Eletropaulo na cidade de São Paulo.
O vereador defendeu também um “cinturão” de 11 parques ao longo da divisa de São Paulo com a Serra da Cantareira para preservar uma das principais reservas ambientais do Estado.
Natalini elencou os três principais riscos às áreas verdes de São Paulo.
“São os incorporadores imobiliários, que são adversários das áreas verdes; os movimentos dos sem teto, que provocam a depredação dessas áreas, e o crime organizado, que promove a grilagem clandestina de áreas de manancial”.
Um quarto fator de risco é o déficit habitacional das cidade, de 360 mil casas, que leva à lenta erosão das matas de terrenos vazios por famílias isoladas. “É a invasão formiguinha”.
Segundo Natalini, os 107 parques municipais hoje existentes em São Paulo representam 2,76% da área total do município. Ou 5,17%, se consideradas todas as áreas verdes da cidade.
O vereador é um dos líderes ambientalistas da Câmara e coautor (com o vereador Milton Leite) do substitutivo ao Projeto de Lei 300, que prevê inéditas metas de controle da poluição por parte da frota de ônibus de São Paulo.
O ex-secretário municipal do Meio Ambiente Eduardo Jorge defendeu a criação de uma associação de defesa das áreas verdes de São Paulo. “Uma associação dos amigos do verde”. Foi muito aplaudido.
“RIOS AÉREOS”
Outro participante da 16ª Conferência, o professor do Instituto de Biociências da USP Marcos Buckeridge, fez uma veemente defesa da áreas verdes.
Os 79 km² da área preservada da Serra da Cantareira – disse ele – produzem vapor de água equivalente a 12 vezes o volume do Rio Tietê.
E as 650 mil árvores plantadas no sistema viário de São Paulo equivalem a 15% do Rio Pinheiros, ou a 3% do Tietê – acrescentou.
“As áreas verdes criam rios aéreos de vapor passando por cima da cidade. Isso é muito importante, pois elas espalham as frentes frias e inibem as chuvas fortes e os alagamentos”.
Buckridge é também coordenador do Programa USP Cidades Globais e um dos cientistas brasileiros que integram a equipe do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas da ONU.
PARTICIPANTES
Participaram também os especialistas Joaquim Cavalcanti (Plantcare) e Francisco Zorzenon (Instituto Biológico), que falaram sobre técnicas de manejo de árvores e controle de pragas.
O secretário municipal de Segurança, coronel José Roberto Rodrigues de Oliveira, disse que a Guarda Ambiental paulistana tem um efetivo de 347 policiais e 34 viaturas.
De janeiro a outubro deste ano, a Guarda registrou 545 ocorrências de crimes contra o meio ambiente na cidade.
A Conferência sobre Mudanças Climáticas é um evento promovido há 16 anos pela equipe do vereador Gilberto Natalini.
O tema deste ano foi: “Áreas Verdes de São Paulo: Ameaças e Conquistas. Proteja Antes que Acabem!”
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