A médica e pesquisadora Evangelina Vormittag (foto) tornou-se personagem obrigatória no debate científico sobre qualidade de vida em São Paulo.
Ela não tem dúvida em afirmar que o combate à poluição atmosférica começa com a mudança da matriz energética dos 15 mil ônibus paulistanos.
“É importante combater a emissão de poluentes a partir do diesel do transporte público, substituindo por combustíveis mais limpos e renováveis”, disse Evangelina, em entrevista à revista “Apartes”, da Câmara Municipal de São Paulo (íntegra).
“A responsabilidade sobre a má qualidade do ar nas cidades se deve muito mais à mobilidade urbana do que às indústrias, que saíram das cidades, e a solução vai muito além de só plantar árvores”.
Em outras palavras, só uma política ativa de troca dos combustíveis fósseis por energias limpas no transporte permitirá diminuir o impressionante número em torno de 5 mil mortes anuais em São Paulo atribuíveis diretamente à poluição.
SUSTENTABILIDADE
Fundadora do Instituto Saúde e Sustentabilidade, Evangelina forma hoje, com o professor Paulo Saldiva, da USP, a dupla de pesquisadores mais conceituada do Brasil sobre os efeitos da poluição do ar na saúde pública.
Ela tem sido presença constante nas audiências promovidas pela Câmara Municipal para reformar a Lei de Mudança do Clima de São Paulo (Leio 14.933/2009) e nos debates sobre a próxima licitação dos ônibus.
Seu mais recente estudo, lançado em maio em parceria com o Greenpeace, aponta que o fim do diesel nos ônibus de São Paulo, com a adoção de veículos elétricos ou híbridos até 2020, evitaria mais de 12 mil mortes até 2050.
É também uma crítica severa dos critérios adotados pela Cestesb, a empresa de gestão ambiental do Governo de São Paulo, para medir a poluição no Estado.
Lembra que o limite de alerta de poluição do ar da legislação paulista – 240 microgramas de material particulado por metro cúbico de ar – está muito acima do teto da Organização Mundial de Saúde (50 microgramas).
E AQUI?
Citou o exemplo recente de Paris, que entrou em estado de alerta em dezembro de 2016, depois de um índice recorde de poluição de 146 microgramas/m³ no dia 1º daquele mês.
“Em Paris, quando a poluição chegou a 100 microgramas, o governo local proibiu o tráfego no centro, disponibilizou entrada franca no metrô e suspendeu as aulas naquele dia”.
E no Brasil?
A resposta é irônica. “Alguém já ouviu que o nível de poluição do ar está em alerta no nosso País?”
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